quinta-feira, 31 de maio de 2007

Historias do menino VIII- O encontro

O dia estava relativamente bonito, ele estava relativamente bonito, na verdade não sabia ao certo se estava bonito, não sabia quem era bonito, não sabia de nada!
Sua cabeça girava cheia de pensamentos criados pela expectativa de revê-la.
Descobriu que o endereço era um pouco mais distante do que esperava. Porem, agora estava diante da bendita porta, mas a duvida não lhe permitia prosseguir, afinal de contas já faziam meses que não se falavam.
Ele estava perdido dentro de si, sua cabeça dava voltas e voltas mas não concluía nada, ficou ali parado diante daquela porta, simplesmente olhando. Como era possível, chegar até ali e não fazer nada?!
Ele tinha tudo nas mãos para fazer as coisas serem diferente e tudo o que conseguia era olhar para aquela campainha e pensar nos seus medos, os mesmos medos que não lhe permitiram dizer nada á meses atrás.
Não estava acreditando que desistiria, mas também não conseguia prosseguir e acabou ficando ali parado.
......
-Achei que você não viria nunca- aquela voz veio como um empurrão de volta á realidade.
“Achei que você nunca viria”, como era possível que o mesmo destino que o trairá, agora estivesse trabalhando a seu favor.
Virou-se e se deparou com ela, seu anjo estava ali diante dos seus olhos á pouco menos de um passo, e ele, como sempre, imóvel.
-Não gostou de me ver ?
Essa ultima o trouxe por inteiro a realidade, era obvio que adorara vê-la. Só lhe falto espaço na cabeça pra pensar em dizer isso a ela. Simplesmente abraçou, e a abraçou como nunca fizera. Ficaram um bom tempo juntos, ali naquela frente de porta, sem dizer nada, e de repente as lagrimas rolaram, ele sentiu a camisa molhar justamente onde estava o rosto dela e percebeu que não era o único que estava sofrendo.
Ficaram se olhando, sem dizer nada, mais uma vez o silêncio reinava, e os pensamentos voavam. Mas uma coisa não havia mudado, ela continuava tão linda quanto antes e ele teve certeza de que aquela distancia ainda era muito pouco para matar o que ele estava sentindo.

domingo, 27 de maio de 2007

historias do menino VII - chegada

Ele desceu em uma nova terra, agora nada era mais o que ele conhecia, nem as pessoas nem os lugares, mas ele ainda era o mesmo, havia saído com aquela expectativa e com as mesma chegará lá.
Tirou aquele papel amassado do bolso, ficou um tempo a olhá-lo com a cabeça distante, até que levou um esbarrão.
Suas coisas caíram. E ele se deparou com uma menina com um ar sorridente, que lhe disse: ”Me desculpe! Mas tive que esbarrar em você pra ver junto com o esbarrão eu conseguia afastar essa tristeza da sua face” e de repente ela saiu correndo.
Entendeu aquilo como um sinal, e acabou reparando que dês daquele ultimo encontro ele não sorria. Abriu um grande sorriso, sorria pra vida que lhe dava indicações de um novo rumo.
Olhou novamente aquele papel amassado, sorriu para ele também, pois ali estava seu destino, seu objetivo.
Decidiu seguir em frente, era hora de fazer seu caminho, e ele queria que ela fosse sua motivação.
Ali estava o bendito endereço, num papel amassado se encontrava o motivo pelo qual ele passará tantas noites em claro, o mundo era irônico, pois ele se sentia exatamente como aquele papel, amassado por um longo tempo de tortura.
E agora ele iria se desamassar, começar uma nova página, e tudo dependia de um simples papel.
Ele apanhou suas malas, e começou a tão esperada busca.

domingo, 20 de maio de 2007

historias do menino VI

Estava sentado no ponto de ônibus, finalmente havia chegado o dia de sua viagem, era hora de provar pra si mesmo que não era um covarde, e de descobrir se ela ainda lembrava-se dos seus olhos.
Tinha muitas dúvidas não dormiu nas ultimas duas noites pensando nessa viagem, lembrando das primeiras noites que não dormirá por pensar nela, e agora três meses depois ele ainda sim passava noites sem dormir pelo mesmo motivo.
Talvez fosse louco, mas seria um louco pior se não se permitisse vê-la nem que fosse mais uma vez, só para falar tudo aquilo que estava guardado nele desde o primeiro momento que á virá.
Tudo era “romântico” demais para parecer verdade, e na verdade até ele desacreditava um pouco, que pudesse sentir algo assim, de uma forma tão intensa sem ter nenhum motivo aparente.
Mas o que importava era que agora ele estava indo em busca de si mesmo, e pela primeira vez só poderia se encontrar se fosse em outra pessoa.
O ônibus chegou e o começo de uma longa viagem estava naquele cenário ali: um pouco de chuva, uma temperatura amena, um coração distante, e um sonho insistente...

terça-feira, 15 de maio de 2007

historias do menino V

Sua casa não era o melhor lugar do mundo, mas lhe caia muito bem nas horas de necessidade. Existia sempre um grande silêncio lá, e esse era o momento que ele vivia agora, um momento de silêncio.
Estava cansado de não conseguir tocar a vida pra frente, cansado de si mesmo, e como não podia gritar resolveu se calar.
Não dormia há dias, não sabia quanto tempo fazia que não sonhava, e quanto tempo tinha que não tinha pensado em outra coisa que não ela, e isso o estava consumindo.
Até onde podia ir sua covardia, ele não queria acreditar que era tão covarde assim não podia, na verdade nunca fora, e isso não cabia mais na vida dele.
Estava precisando de ar, mas só quem podia lhe dar esse ar era ela, com aquele leve sorriso que o fazia lembrar-se de quanto o dia pode ser bonito.
Já fazia semanas que ela tinha partido e nesse meio tempo eles não se falaram nenhuma vez, por muitas vezes ele corria pra atender ao telefone na esperança de que fosse ela, e até acreditava que ela tivesse ligado algumas vezes, pois de vez em quando atendia ao telefone e ficava só ouvindo aquela respiração do outro lado da linha até que a ligação caísse, queria acreditar que era ela, pois já havia feito o mesmo por muitas vezes nesses últimos dias, mas como sempre não tivera coragem de falar nada.
E mais uma vez estava ele lá se culpando por sua covardia, já estava passando da hora de resolver esse problema, e era exatamente isso que ia fazer.
Iria vê-la, reencontrar aqueles olhos era tudo que ele precisava, juntaria dinheiro e partiria em poucos dias, não podia esperar mais, cada segundo era sufocante, e pareciam durar horas.
Agora estava decidido, e não podia abrir mão desse surto de coragem, queria vê-la, precisava disso e estava disposto a se arriscar, mas acima de tudo estava disposto a se entregar, se entregar aquele sentimento que já o havia dominado mesmo contra sua vontade.
Iria buscar seu “anjo”.

sexta-feira, 11 de maio de 2007

historias do menino IV

Ele não era do tipo melancólico, mas dessa vez essa palavra lhe caia muito bem.
Estava lá de novo, sentado naquele mesmo lugar esperando que ela entrasse por aquela porta com aquele ar altivo e confiante de sempre, mas sabia que isso não aconteceria e que ela de fato não sentaria mais ao lado dele para aquelas conversas sem sentido.
Mas o que mais lhe doía era saber que havia deixado a oportunidade escapar por tanto tempo e que ela teve que tomar uma iniciativa, como era possível que mesmo arrasada como ela estava, ainda sim ela conseguia ser muito mais corajosa que ele.
Será que ele era tão covarde? Sabia que não, mas se sentia assim, e isso estava consumindo ele, já havia duas noites que não dormia, e tudo que queria fazer naqueles últimos dias era sentir pena de si mesmo.
Já era hora de dar um basta naquilo, ia tocar as coisas pra frente, voltar a sua antiga rotina e parar de pensar nela.... bem parar de pensar nela talvez não, mas ia tocar a vida.
Levantou-se decidido a viver novamente, mas nessa hora viu a esquina por onde ela desapareceu e aquela imagem lhe veio como um tapa no rosto. Percebeu então que as coisas seriam um pouco mais difíceis do que ele pensara.
Sentou novamente, ainda queria que ela voltasse e queria muito, assim como queria ter sido mais corajoso e assim como queria também que tudo tivesse sido diferente.
Decidiu voltar pra casa, precisava de um lugar onde pudesse ficar tão só quanto se sentia naquele momento.

terça-feira, 8 de maio de 2007

Historias do menino III - O Anjo

“Só os anjos são capazes de trazer noticias tristes e ainda sim nos deixar felizes pela sua presença”
Ele tinha lido isso em algum lugar e descobriu que era verdade, e pior ainda descobriu que ela era um “anjo”.
Após quinze longos dias sem vê-la, ela apareceu e ele sentiu novamente seu coração bater descompassado pela expectativa de mais uma daquelas conversas sem função.
Respirou fundo sentou-se ao lado dela e começaram a conversar como grandes velhos amigos, mas o papo estava soando estranho e ele a sentia meio abatida, como se tivesse chorado na noite anterior, quis saber o que estava acontecendo (era incrível como em tão pouco tempo eles eram capazes de adivinhar os pensamentos do outro) ela esquivou um pouco do assunto mais acabou contando.
Aquilo não era mais uma conversa qualquer, era uma despedida, o fim daquilo que nem havia começado, e ele sentiu isso na pele.
A noticia lhe soou como um soco no rosto, ele ficou estático, não queria mais falar, só queria contemplá-la, só queria isso e ficou assim por uns instantes. Até que ela recomeçou a falar, e só ai ele se deu conta de que ela também ficara estática.
E lhe explicou os motivos de sua mudança, o por que de não haver aparecido naqueles dias, mas ele não estava nem ouvindo, só pensava em como odiava o destino e odiava aquela peça que estava lhe sendo pregada.
Era inaceitável perder algo que nem ao menos tinha possuído, mas ele se sentia assim, o mundo estava roubando algo importante dele e ele nem podia dizer nada, pois a posse era “ilegal”.
E foi nessa hora que ela disse “adeus”, e isso o intrigou mais do que tudo pois foi com se ela dissesse “até logo”.
Porem mais surpreendente que isso foi o ato seguinte, ela aproximou-se dele e o beijou na boca, foi um beijo rápido, até pelo fato da surpresa.
E mais uma vez ele ficou estático, e começou a pensar na ironia daquilo, quando finalmente conseguiu o que queria além de não saber reagir já tinha perdido antes mesmo de, de fato, conseguir.
Enquanto ele ficou ali parado ela se levantou recolheu suas coisas e começou a sair.
Foi ai que ele decidiu tomar uma atitude e não deixar mais uma vez na mão daquele destino infeliz.
Ele correu atrás dela a segurou pelo braço, nessa hora se sentiu em um filme, eles se abraçaram e ficaram por um longo tempo assim. Talvez fosse melhor que ficassem assim pra sempre, mas ele sabia que não era possível.
Ele a beijou novamente, dessa vez de uma forma bem mais demorada, e sentiu as lagrimas aquecerem o seu rosto e se misturarem com as dela.
E foi assim que ela foi embora, deixando seu coração em pedaços e uma sensação de “até logo.”
“O anjo abriu suas asas e voou"

quinta-feira, 3 de maio de 2007

Historias do menino II

Pensar nela estava começando a fazer parte do seu dia-a-dia.
Já havia dias que não a encontrava para um pouco mais daquele assunto sem sentido que o fazia se sentir completo.
Sim! Em menos de uma semana e ele já estava viciado na companhia dela, gostava de ouvir sua voz, se sentia aéreo quando conversava com ela, e a muito tempo ele não se sentia assim.
Sabia que podia conversar com ela sobre tudo, mas também sabia que se abusasse desse tudo eles iam acabar virando só “amigos pra sempre”, e ele sentia que queria algo mais do que só mais uma amiga(apesar de sempre valorizar seus amigos), ele não queria que ela ficasse somente na linha da amizade, queria uma companheira, mas tinha medo de invadir aquele mundo que ela protegia com tanto cuidado.
E era exatamente nisso que pensava, queria se aproximar, mas ainda não sabia como e mais uma vez preferiu esperar e deixar as coisas fluírem.
Só não sabia até onde o destino iria ajudá-lo, mas ainda sim resolveu pagar pra ver.

quarta-feira, 2 de maio de 2007

Historias do menino

Ele aprendeu desde muito cedo a observar as coisas ao seu redor, e foi assim que acabou notando ela.
Não era a garota mais bonita, muito menos a mais descolada, mas tinha um “que “de especial nela, um algo que exigia muita intimidade para se descobrir, o tipo de coisa que ela só mostrava as pessoas que considerava especiais.
Não que ela fosse feia, porque isso ela não era com toda certeza. Mas ela não era dos padrões de beleza comum, a sua beleza era única, do tipo exótica.
Ele queria se aproximar, mas a questão era “como?” e “por quê?”, ele diria o que? “oi tudo bem você tem uma beleza exótica”
Acabou optando por observar, como de costume, e esperar por uma oportunidade que talvez nunca chegasse, mas ainda sim preferia esperar.
Ela parecia altiva e confiante, mas havia algo nela que soava frágil e com medo de ser descoberto, e parecia que só ele havia notado, logo concluiu que tinha sido bom ficar só a observar, talvez se tivesse se aproximado logo de cara ela tivesse se sentido invadida.
Ele como sempre resolveu esperar mais um pouco, acreditava que quando as coisas tinham que acontecer, bastava apenas que desse tempo a elas. E não demorou muito ela se desvencilhou das outras pessoas acabou por puxar assunto com ele.
Finalmente a oportunidade que ele estava esperando, agora poderia saber quem era a garota que lhe tirava a atenção. Apresentaram-se e a principio a conversa seguiu de forma superficial, falavam de coisas simples e que de fato não sentiam, mas como que por mágica o assunto começou a tomar um ar mais profundo e em poucos minutos eles já se sentiam muito entrosados, como se fossem velhos amigos.
Depois daqueles poucos minutos ao lado dela ele teve certeza de que não a esqueceria tão cedo, nem tão facilmente e que aquela historia não acabaria ali.