terça-feira, 15 de maio de 2007

historias do menino V

Sua casa não era o melhor lugar do mundo, mas lhe caia muito bem nas horas de necessidade. Existia sempre um grande silêncio lá, e esse era o momento que ele vivia agora, um momento de silêncio.
Estava cansado de não conseguir tocar a vida pra frente, cansado de si mesmo, e como não podia gritar resolveu se calar.
Não dormia há dias, não sabia quanto tempo fazia que não sonhava, e quanto tempo tinha que não tinha pensado em outra coisa que não ela, e isso o estava consumindo.
Até onde podia ir sua covardia, ele não queria acreditar que era tão covarde assim não podia, na verdade nunca fora, e isso não cabia mais na vida dele.
Estava precisando de ar, mas só quem podia lhe dar esse ar era ela, com aquele leve sorriso que o fazia lembrar-se de quanto o dia pode ser bonito.
Já fazia semanas que ela tinha partido e nesse meio tempo eles não se falaram nenhuma vez, por muitas vezes ele corria pra atender ao telefone na esperança de que fosse ela, e até acreditava que ela tivesse ligado algumas vezes, pois de vez em quando atendia ao telefone e ficava só ouvindo aquela respiração do outro lado da linha até que a ligação caísse, queria acreditar que era ela, pois já havia feito o mesmo por muitas vezes nesses últimos dias, mas como sempre não tivera coragem de falar nada.
E mais uma vez estava ele lá se culpando por sua covardia, já estava passando da hora de resolver esse problema, e era exatamente isso que ia fazer.
Iria vê-la, reencontrar aqueles olhos era tudo que ele precisava, juntaria dinheiro e partiria em poucos dias, não podia esperar mais, cada segundo era sufocante, e pareciam durar horas.
Agora estava decidido, e não podia abrir mão desse surto de coragem, queria vê-la, precisava disso e estava disposto a se arriscar, mas acima de tudo estava disposto a se entregar, se entregar aquele sentimento que já o havia dominado mesmo contra sua vontade.
Iria buscar seu “anjo”.

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